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Quais os possíveis impactos do El Niño na safra brasileira de café 2024/2025?
Análise hEDGEpoint
POR EQUIPE CAFÉPOINT- Na semana passada, os preços do café se recuperaram do patamar de 145 c/lb, conforme discutido no relatório anterior da hEDGEpoint Global Markets. Ainda assim, à medida que a colheita atinge suas etapas finais no Brasil e o El Niño permanece ativo, é crucial continuar investigando os possíveis impactos que o fenômeno pode causar na safra brasileira 24/25.
O Gráfico #1 mostra a anomalia de temperatura média, considerando um período importante para o mercado de café: o último El Niño na década, de alta intensidade, que levou a quebras nas safras de arábica e conilon.
Para cidades selecionadas em importantes regiões produtoras de café, o El Niño teve diferentes impactos: para Três Pontas e Patrocínio, as temperaturas foram superiores à média em 53% dos períodos-chave de floração/crescimento dos frutos analisados.
No entanto, para Manhuaçu e São Mateus, as porcentagens são mais altas, de 67% e 89%, mostrando que as áreas de arábica na Zona da Mata e as áreas de conilon no Espírito Santo podem ser mais vulneráveis ao fenômeno do que as demais áreas.
Quanto à precipitação, essas áreas também estão mais ameaçadas: 78% dos períodos-chave de desenvolvimento em Manhuaçu e São Mateus tiveram níveis de chuva abaixo da média; em Três Pontas e Patrocínio, as porcentagens foram de 67% e 44%, respectivamente, segundo Natália Gandolphi, analista de café da hEDGEpoint Global Markets.
A combinação de níveis de precipitação mais baixos e temperaturas mais altas pode afetar negativamente as árvores de café, e uma boa métrica usada para medir a saúde das safras é o NDVI (Índice de Vegetação por Diferença Normalizada). O Gráfico #3 mostra a correlação entre os níveis médios de NDVI entre maio e junho do ano anterior de cada safra e a produtividade para o Sul de Minas Gerais.
“Intuitivamente, quanto maior a anomalia do NDVI, maior é o rendimento esperado. Algumas safras, como 18/19 e 20/21, tiveram resultados muito melhores do que o esperado com base em seus níveis de NDVI - mas isso se deve a outros fatores, como um efeito mais forte de bienalidade a partir das práticas de manejo aplicadas anteriormente, assim como técnicas mais sofisticadas”, explica Natália.
Portanto, de acordo com a analista, o clima visto no passado recente também é importante para entender o potencial da próxima safra. “Considerando a anomalia média de NDVI vista este ano, os rendimentos provavelmente serão mais altos do que os registrados em 21/22, 22/23 e 23/24. No entanto, a métrica tem suas limitações, que são visíveis quando destacamos as safras 18/19 e 20/21. Assim, quando se trata do desenvolvimento da próxima safra, deve-se atribuir um maior peso maior às perspectivas para o clima no próximo trimestre”, afirma.
A íntegra do relatório está disponível aqui.
*CafePoint