Em plena temporada do fogo, período em que o Cerrado enfrenta seu maior desafio de incêndios devido à seca, a população ganha um aliado poderoso na luta contra as chamas. O "Boletim Risco de Incêndio da UFMG" é uma inovação do Centro de Sensoriamento Remoto que traz uma nova era de previsões de incêndios para estados e municípios. Para dar um vislumbre do que essa ferramenta pode significar, os pesquisadores observaram os números dos focos de calor em Minas Gerais. Surpreendentemente, em junho e julho de 2023, houve menos focos de calor em comparação aos dois anos anteriores. Em agosto, até o dia 23, também foi registrada uma redução significativa em relação aos anos anteriores.

No contexto das mudanças climáticas e da crescente ameaça dos incêndios, os pesquisadores da universidade mineira entenderam a importância de compartilhar esses dados valiosos com a população. O "Boletim Risco de Incêndio" apresenta, por estado, três componentes-chave do risco de incêndio: risco climático, focos de calor e risco de propagação do fogo, para cada município no Cerrado.

"O objetivo de criar esse boletim foi compartilhar com o público em geral dados de previsão e risco de incêndio que até então careciam de mais tempo e um olhar mais técnico para serem interpretados. As informações sobre incêndios nos últimos anos vêm se tornando cada vez mais relevantes, principalmente por conta do aumento do número e da intensidade crescente dos eventos de fogo. É importante que a população conheça o cenário real e saiba como se prevenir para evitar todo tipo de prejuízo relacionado aos incêndios: ambientais, econômicos, para saúde, etc. Por isso, criamos uma ferramenta simplificada, mas profundamente baseada na ciência, sobre o risco de incêndios, sendo uma forma ampla de divulgação da ciência pensada para todos os públicos, em especial a mídia", diz Ubirajara Oliveira, pesquisador do CSR-UFMG.
 

O Boletim tem como base o trabalho realizado durante o FIP-Monitoramento do Cerrado, que desenvolveu um modelo de previsão da propagação de incêndios focado nas Unidades de Conservação do bioma. Os resultados foram surpreendentes, com uma taxa de acerto de até 89% e previsões em tempo quase real. Isso é possível graças à utilização de imagens de satélite de alta resolução, dados meteorológicos, condições do relevo e vegetação, bem como informações sobre focos de calor fornecidas pelos satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), entre outros.
 

"O site já está aberto para ser acessado por qualquer pessoa e o informativo não requer nenhum tipo especial de interpretação de resultados. É uma forma mais direta e simples de comunicação, mas sem perder de vista o trabalho científico", finaliza o pesquisador. O Boletim Risco de Incêndio está disponível no endereço Link.
 

*UFMG