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Suspensão de privatizações divide economistas sobre pressão de alta na Selic
Governo federal retirou neste mês sete estatais do Programa Nacional de Desestatização.
Com a aproximação da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na primeira semana de maio, especialistas seguem na expectativa sobre a avaliação do cenário pelo Banco Central e como cada item pode pressionar a taxa Selic. Nesse sentido, a retirada de sete empresas do Programa Nacional de Desestatização (PND), oficializada pelo governo federal em abril, divide opiniões de economistas sobre pressões de alta na taxa básica de juros.
Além do déficit nas contas públicas e do nível da dívida, alguns especialistas apontam como uma das pressões de alta para a Selic a posição do governo federal de não ser favorável a privatizações. No entanto, também há quem aponte que não há relação tão direta.
Bruno Mori, economista e sócio fundador da consultoria Sarfin, alerta para a redução de caixa que os cofres públicos terão sem as receitas extraordinárias com privatizações. Nesse cenário, o governo poderia optar por aumentar a carga tributária, por exemplo – o que tem efeito inflacionário e pode, por consequência, pressionar a Selic.
De maneira semelhante, Rodrigo Simões, economista e professor da FAC-SP, aponta que o movimento de revogar os atos de privatizações contribui para pressionar o BC por uma manutenção das altas taxas de juros ou até elevação.
Segundo o especialista, o motivo se dá diante de um Estado deficitário e com falta de planejamento de desenvolvimento econômico, ineficiência na administração de empresas públicas e a falta do cumprimento de papel social diante da população brasileira.
Já Jansen Costa, sócio fundador da Fatorial Investimentos, defende que “falando do macro, a questão de juros é a inflação. É ela quem vai mandar e não, simplesmente, a questão da privatização”. “Eu não vejo a privatização como um processo que vai definir a questão da taxa de juros”, diz ele.
Financiamento de projetos e relação com a Selic
Costa também chama atenção para o fato de o governo querer usar o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para financiar obra pública, ou seja, por meio de dinheiro mais barato do que a taxa de juros corrente do país.
Mori também comenta o tema, e aponta novamente risco inflacionário. “De acordo com as sinalizações do próprio governo, as obras de infraestrutura devem ser financiadas através do BNDES com taxas subsidiadas, que pressionariam a demanda por bens e serviços e dificultariam o processo desinflacionário, forçando o Banco Central a manter a taxa de juros alta por mais tempo.”
Ainda em relação a financiamento de projetos, Piter Carvalho, economista da Valor Investimentos, afirma que boa parte da arrecadação para isso será por meio de impostos, junto da reforma tributária, taxação de grandes empresas, retirada de subsídios entre outras medidas.
Além disso, outros fatores que podem colaborar com a arrecadação, segundo ele, são novos acordos comerciais, volta de diplomacia e destravamento de alguns processos tributários.
*Matéria completa em Investnews