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Crise bancária no exterior pode reduzir oferta de crédito no Brasil

Crise bancária no exterior pode reduzir oferta de crédito no Brasil

Embora colapso do SVB e Credit Suisse não tenha gerado grandes impactos no país, especialistas não descartam efeitos no sistema financeiro nacional.

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A crise bancária que atingiu bancos dos Estados Unidos e da Europa ainda não provoca grandes impactos no Brasil, mas pode contribuir para diminuir a oferta de crédito no país, de acordo com especialistas ouvidos pelo InvestNews.

A falência dos bancos americanos Silicon Valley Bank (SVB) e Signature Bank, além do Credit Suisse, considerado o segundo maior banco da Suíça, provocou um temor global do risco sistêmico de contaminação.

Na visão de Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management, ao colapso dos bancos tem potencial para gerar impacto no setor bancário brasileiro, elevando o risco de crédito e abalando a confiança de investidores e consumidores.

“Isso pode ocasionar uma redução na oferta de crédito, prejudicando o desenvolvimento dos negócios e investimentos no país. Contudo, é válido ressaltar que a maioria dos bancos brasileiros possui um ‘Índice de Basiléia’ saudável e não está exposta ao SVB, o que diminui a possibilidade de riscos significativos.”

O Índice de Basiléia é um indicador que mensura a saúde financeira dos bancos.

Risco de saques em massa

Bancos do Brasil têm uma base de clientes mais diversificada do que o SVB, o que reduz a probabilidade de uma grande quantidade de saques em um curto período de tempo, de acordo com Gonçalves. “Ainda que nenhum banco esteja completamente isento de riscos em uma corrida a saques, essas características contribuem para minimizar os impactos da falência de bancos estrangeiros no setor bancário brasileiro”, afirmou.

Milton Rabelo, analista da VG Research, afirma que a crise bancária ainda terá seus desdobramentos, porém existem evidências que levam a crer que seus impactos no ecossistema bancário brasileiro serão relativamente limitados porque as instituições financeiras são saudáveis e possuem liquidez em patamares adequados.

“O sistema bancário brasileiro é altamente regulado e impede um nível muito elevado de alavancagem de crédito e empréstimos como acontece nos EUA, por exemplo. Além disso, é interessante notar que, apesar do surgimento de inúmeras fintechs nos últimos anos, o mercado brasileiro ainda é extremamente concentrado, o que facilita a fiscalização do Banco Central, como órgão regulador”, disse.

Impacto sobre a oferta de crédito

O analista da VG Research disse que, por outro lado, inevitavelmente deverá haver uma diminuição na oferta de crédito no Brasil, ainda que não esteja plenamente clara a sua magnitude.

“Na realidade, já está havendo desde o segundo semestre de 2021, uma maior apreensão no mercado bancário com o aumento da inadimplência e, consequentemente, com níveis de concessão de crédito pelos bancos. A crise bancária internacional tende a aumentar os níveis dessa restrição da oferta de crédito, intensificando as consequências do cenário macroeconômico desafiador vivido no Brasil”, argumentou.

A oferta de crédito no Brasil é uma preocupação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), que já manifestou a necessidade de democratizar o acesso ao crédito no país para pessoas físicas.

Uma das dificuldades da expansão do crédito no país, no momento, é o atual nível da Selic, a taxa básica de juros, que está em 13,75% ao ano. A ata do Copom, divulgada pelo Banco Central na última terça-feira (28), observou que há um aperto adicional nas condições para concessão de crédito em algumas modalidades.

“Para alguns membros deve-se esperar ainda um aumento da inadimplência e uma desaceleração na concessão do crédito, mas em linha com o que se observou em ciclos anteriores de aperto de política monetária. Em contraste, outros membros avaliam que, no período mais recente, o aperto nas concessões de crédito foi mais intenso do que o esperado, mas focalizado em alguns mercados específicos”, diz o texto da ata.

*Matéria completa em InvestNews

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Marcos Remis dos Santos 
(Marcão)