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Três novos geoglifos são encontrados na fronteira do Acre com a Bolívia

Três novos geoglifos são encontrados na fronteira do Acre com a Bolívia

Primeiro desenho milenar foi visto em 1977

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Na semana passada, foram descobertos três novos conjuntos de desenhos milenares, ou geoglifos, como são chamados, na fronteira do Acre com a Bolívia. Os monumentos, circulares e quadrados, estavam próximos uns dos outros e estão localizados entre a margem direita do Igarapé Miterrã e a margem esquerda do Rio Rapirrã, entre os municípios acreanos de Capixaba e Plácido de Castro.

Mais de mil estruturas como essa já foram mapeadas e catalogadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional nos Estados do Acre, Rondônia, Amazonas, Mato Grosso e na Amazônia boliviana.

De acordo com arqueólogos, os desenhos datam de 800 a 2.500 anos atrás e foram feitos pelos povos indígenas para sediar encontros e rituais religiosos. As estruturas foram escavadas no solo com pedras, fragmentos de pedra, cascalho ou terra e mostram que os indígenas dominavam a geometria e eram capazes de se organizar na execução de tarefas complexas.

O primeiro desenho encontrado no Acre

Em 1977, durante uma pesquisa arqueológica liderada pelo professor Ondemar Dias, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, foi encontrado primeiro geoglifo do Acre.

O professor contou com a ajuda de Alceu Ranzi, na época estudante de geografia. Entre 1980 e 1990, Dias focou em escavar, catalogar e analisar algumas cerâmicas que também foram encontradas próximo aos desenhos. Já Ranzi tornou-se paleontólogo e realizou diversas pesquisas sobre os geoglifos, dando visibilidade à descoberta.

O professor contou com a ajuda de Alceu Ranzi, na época estudante de geografia. Entre 1980 e 1990, Dias focou em escavar, catalogar e analisar algumas cerâmicas que também foram encontradas próximo aos desenhos. Já Ranzi tornou-se paleontólogo e realizou diversas pesquisas sobre os geoglifos, dando visibilidade à descoberta.

 

  • Geoglifo no sítio arqueológico Jacó Sá | Foto: Iphan/Divulgação

Em 1986, o paleontólogo liderou uma busca aérea em torno do Acre e fotografou, pela primeira vez, o desenho do alto. As imagens circularam na imprensa do Estado. Depois de 13 anos, Ranzi estava viajando de avião pela região e visualizou, por acaso, outro monumento do gênero. Foi então que solicitou apoio do governo para realizar novas expedições.

Em 2005, Ranzi e a arqueóloga Denise Pahl Schaan (1962-2018) criaram o grupo de pesquisa Geoglifos da Amazônia Ocidental. Os estudos conduzidos por eles revelam que, diferentemente do que informam os antigos livros de história, a Amazônia não era um local ermo, onde poucos povos moravam. Os pesquisadores ainda sugerem, entre outras hipóteses, que as estruturas foram abandonadas por conta da chegada dos espanhóis às Américas, a partir de 1493.

Avanços tecnológicos, como o Google Earth, também possibilitaram a localização e a identificação das estruturas por parte dos pesquisadores. Em 2018, um geoglifo localizado no sítio arqueológico Jacó Sá, no Acre, tornou-se o primeiro monumento brasileiro do tipo a ser tombado como patrimônio nacional.

Acredita-se que muitos outros monumentos estão escondidos dentro da floresta. Em 2021, Ranzi lançou o livro Geoglifos do Acre: Passado Profundo, em que explica a descoberta e os estudos os monumentos milenares.

*Revista Oeste com informações de National Geographic Agência EFE Brasil

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Marcos Remis dos Santos 
(Marcão)