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O lamento dos produtores de leite

O lamento dos produtores de leite

A visão sobre a atual situação da atividade no país

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No dia 08/12 foi publicado uma matéria com dados do IBGE que mostravam queda na captação de leite brasileira no terceiro trimestre de 2021, apontando que aumento trimestral deste ano foi menor que o esperado para o período.

Entre os fatores que podem justificar essa queda de captação estão:

  • os altos custos, que vêm desmotivando a produção de leite em todo o país;
  • os fatores climáticos, com destaque para a estiagem ocorrida no terceiro trimestre, sobretudo no Sudeste e Centro-Oeste, enquanto o Sul ainda tinha forrageiras de inverno para sustentar a produção;
  • e uma possível reestruturação da produção de leite no país, com a saída de pequenos e médios produtores da atividade e uma diferença cada vez menor da captação devido à sazonalidade, em função da adoção mais frequente de sistemas confinados. 

No dia 20/12, o *MilkPoint questionou seus leitores: qual dos fatores apontados você considera mais importante?

Entre os 313 participantes da enquete, a grande maioria citou os custos de produção como o principal fator que gerou essa queda na captação de leite.

 

Alguns leitores falaram sobre o desequilíbrio entre o preço pago aos produtores e os custos de produção. Carlos Eduardo Guedes, de Àguas/SP, comentou: “É público e notório o desequilíbrio entre o preço pago aos produtores e os custos de produção, com destaque para fertilizantes, sementes, diesel, eletricidade e mão de obra, os quais em conjunto tiveram um aumento médio superior a 30%. Em contrapartida o preço pago ao produtor permaneceu estável. Anota-se que a margem bruta do produtor é inferior a isto. Por mais persistente que seja o produtor ou sai da atividade ou quebra.”

Apontaram também as questões climáticas severas que pegaram o produtor desprevenido e geraram custos ainda maiores. José Pedro Franqueira Junqueira, de São Lourenço/MG, disse: “Com certeza os custos de produção estão desanimadores, ainda mais com a queda no preço do leite. Somado a isso tivemos um ano de seca prematura e geadas intensas, o que levou a um gasto fora do previsto da comida reservada para época de estiagem. Agora quando deveríamos ter fartura de pastos, estamos convivendo com noites frias, o que segura o crescimento de nossa forrageiras, que por sua origem africana gostam do calor. Está cada vez mais complicado.”

Vera Santa Sesti, de Caxias do Sul/RS, apontou que está com dificuldades de assumir os compromissos anteriormente firmados devido as altas. “Devido aos altos custos dos insumos aliado à estiagem, estamos sem condições de seguir na atividade. Investi muito no ano passado e já vejo dificuldades em cumprir meus compromissos. Se nada mudar, acredito que 30% dos produtores desistam e troquem a atividade”, comentou ela.

Os leitores também citaram a necessidade da redução de impostos e da implementação de políticas públicas para auxiliar o produtor, como foi o caso do Geraldo Ferreira Fortes, de Passa Tempo/MG.

“Nos dias atuais, produzir leite no Brasil tornou-se uma atividade de alto risco. Se o governo não ajudar o pecuarista com incentivos e redução de impostos, principalmente, o pobre não vai ter condições de ter o produto. A atividade exige a presença do produtor 365 dias por ano e hoje, com a falta de mão-de-obra e os altos custos da dieta dos animais, além de problemas climáticos, fatores mercadológicos e uma política não muito transparente dos laticínios, que retiram o produto sem estabelecer a priori o preço a ser pago, contribuem para o desânimo e a mudança da atividade. Vai faltar leite no mercado. Sem dúvida”, disse ele, e ainda completou:

“Não há conta que feche! [...] O pecuarista entrega seu produto na fazenda e não sabe quanto irá receber, por questões de mercado e política sem muita transparência dos laticínios. Assim fica muito difícil”.

Muitos ainda, indicam a saída da atividade e outros, alertam que caso não haja melhora, irão migrar para outro tipo de produção – gado de corte e soja foram citados com recorrência.

Marisa de Lima Vasconcelos, de Formigueiro/RS, alertou sobre a alta nos custos e a tendência de migração para outras atividades.

“Simples, sem lucro as pessoas migram para outras atividades como gado de corte que têm preço bom e tendência de se manter bom nos próximos anos ou grãos soja e milho principalmente aqui no Sul porque muitos já fazem as duas atividades. Isso é a mão invisível da economia. Se não dá lucro e ainda precisa trabalhar 365 dias por ano com sol chuva frio ou calor as pessoas abandonam essa atividade e vão fazer outra coisa [...]. 

Estes foram alguns dos comentários que representam a situação do produtor, destacando as dificuldades enfrentadas por eles no dia a dia da produção, exemplificando os possíveis motivos que geraram essa queda de captação, na visão dos produtores de leite. Confira outros comentários e relatos neste link  e na Instagram Milkpoint.

*Fonte milkpoint.com.br

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Colunistas

          

 
 
Marcos Remis dos Santos 
(Marcão)