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Funcionários do Cruzeiro relatam drama com atrasos no pagamento de salários

Funcionários do Cruzeiro relatam drama com atrasos no pagamento de salários

Data de Publicação: 23 de agosto de 2021 19:03:00 Esforços do clube para quitar as dívidas não tem sido suficiente para ajudar funcionários assalariados que dependem do clube para garantir alimentação e moradia

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“Tenho duas filhas, pago aluguel e acabei de pedir R$ 100 para comprar carne lá pra casa e biscoito para minhas duas filhas. Nos ajude a cobrar da diretoria do Cruzeiro os nossos salários que ainda não foram pagos, como décimo terceiro”. O relato de um pai, que terá a identidade preservada, exemplifica o drama vivido por funcionários do Cruzeiro que sofrem com os atrasos na folha de pagamento do clube.

Outro funcionário, que não quis ser identificado, contou que tem enfrentado dificuldades para pagar o aluguel e corre o risco de perder a casa antes do fim deste mês. “Peço socorro! Eu tenho que pagar aluguel até dia 25, se não pagar vou ir para a rua. Já vendi geladeira para pagar prestações que estão todas atrasadas. O Cruzeiro pagou os funcionários que ficam próximos aos jogadores e abandonou os outros funcionários do clube”, desabafou. 

No início deste mês, com a injeção de recursos advinda de um investidor, o Cruzeiro começou a estabilizar o pagamento de salários de jogadores e funcionários. No entanto, colaboradores do clube relataram à reportagem da Itatiaia, que, de acordo com uma exigência do investidor, os acertos foram feitos apenas com funcionários da Toca II. Já os trabalhadores de outras unidades do clube foram apenas informados pela gerência de RH que não há uma previsão de quando será feito o pagamento dos salários em atraso. 

“Venho aqui pedir socorro, pedir ajuda, para pedir ao presidente do Cruzeiro esclarecimentos sobre o nosso pagamento. Tenho aluguel e prestação de carro para pagar e eles não dão nem satisfação para os funcionários. Só os da Toca II receberam. Eu estou pedindo socorro”, contou um colaborador do clube anonimamente. 

Nos últimos tempos, o Cruzeiro vem tentando colocar em dia as dívidas milionárias adquiridas ao longo dos últimos anos. Na última semana, o clube anunciou o pagamento da dívida com o Al Wahda, dos Emirados Árabes, referente ao empréstimo do volante Denílson, em 2016. O clube não divulgou os valores da transação, mas a dívida era de 850 mil euros (cerca de R$ 8 milhões na cotação atual). O não pagamento ao clube árabe poderia render uma nova punição ao Cruzeiro, que, dessa vez, resultaria no rebaixamento para a Série C do Campeonato Brasileiro. 

No entanto, os esforços para quitar as dívidas, junto à Fifa, e evitar novas punições não tem sido suficiente para ajudar funcionários assalariados que dependem do clube para garantir alimentação e moradia. 

De acordo com um funcionário do Cruzeiro, os trabalhadores já estão sem opções. “Toca I, Campestre, Barro Preto, ninguém recebeu. O RH não sabe que dia e não tem previsão nenhuma de pagamento. Os salários deste mês e do mês passado eles pagaram a metade. Décimo terceiro atrasado também. Está complicado. Se eles ao menos falassem que não vai ter pagamento mais, mas não falam nada. Se a gente sai também, não vai ter pagamento, porque a maioria saiu e ganhou na Justiça, mas a maioria o Cruzeiro não está pagando. Fica uma sinuca de bico”, contou.

O que diz o Cruzeiro sobre os atrasos nos salários:

Em nota enviada a Itatiaia, o Cruzeiro afirmou que, como é de conhecimento público, tem acertado de forma gradativa os pagamentos de salários, mas ainda possui algumas pendências em aberto. No entanto, a diretoria não tem medido esforços para regularizar a situação de todos os colaboradores do clube o quanto antes e tratado o assunto como prioridade.

Previsão de pagamentos pode depender de novo investimento:

Segundo apuração da Itatiaia, o Cruzeiro deve ter um aporte da XP Investimentos para honrar a folha salarial até o final de 2021, mas esse dinheiro só vai chegar quando estiver tudo no papel sobre a criação da SAF (Sociedade Anônima do Futebol). 

A mudança para a SAF é vista por muitas pessoas dentro do Cruzeiro como a alternativa para salvar a instituição da falência. Caso aconteça, o clube será dividido em dois CNPJs: a associação esportiva e os eventuais investidores. A ‘Associação Cruzeiro’ será detentora de 100% do capital social da Sociedade Anônima e manterá os ativos intangíveis, como por exemplo, os direitos desportivos e propriedade intelectual, que estão sendo avaliados economicamente.

A Associação Cruzeiro permanecerá como acionista majoritária, com 51% do capital social. Atualmente, o clube detém 100%, mas poderá vender aos investidores até 49% da parte, “continuando como controlador da operação”.

Sendo SAF, grande parte das receitas do Cruzeiro, como direitos de transmissão, direitos econômicos de atletas, programa de sócio-torcedor, além de publicidade e patrocínio, ficarão sob a gestão dos investidores. Além disso, será criado um conselho de administração, que irá nomear um executivo e uma diretoria à parte do clube.

Segundo a proposta, 20% da arrecadação da SAF serão destinados ao pagamento de dívidas do clube. A prioridade será quitar débitos mais onerosos, mas o dinheiro também poderá ser usado para investir no elenco e na infraestrutura das Tocas I e II.


 

(*) Com informações Itatiaia


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Marcos Remis dos Santos 
(Marcão)